AUSÊNCIA
Esta falta que me causas
é como dor que não se localiza.
Falta não sei onde e não sei o quanto.
Espaço não configurado,
não conceitual, imensurável.
O que sei de mim, pela força da saudade,
por vezes, me esqueço.
É como labirinto não sinalizado
por onde recolho pedaços, fragmentos de mim.
Levaste a senha da minha inteireza.
E desde esse momento
me assombro em tanta ausência.
Consolo-me na observância silenciosa dos teus
segredos que em poucas frases nos legaste.
Há nelas uma fragilidade
se esvaindo pela cavidade do tempo.
É impossível negar.
É teu ressuscitar sereno,
ampliando a tua ausência em mim.
Roubas o que sou e me tornas a sepultura
de onde sais.
Sou o espaço da tua inabitação.
Sou a saudade que te evoca, traz de volta
e te concede uma criativa forma de continuar.
Pe. Fábio de Melo
P.S.: Saudades minha mãe!
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